0136. Retrato

0136. Retrato

136. Retrato a

Sou simplesmente quem Sou

Sou simplesmente o que Dou

Sou simplesmente este Grafema

Sou simplesmente este Poema

Sou inquestionavelmente este Sorriso

Sou inquestionavelmente o teu Juízo

 

Sou simplesmente o que Agora faço

Sou inquestionavelmente este Retrato

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-01-16
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0135. Grito

0135. Grito

135. Grito a

Há gritos que não soam

 

Gritos que ferem e magoam

Gritos de silêncio que entoam

Gritos de desespero e demência

Gritos de angústia e impotência

Gritos inúteis débeis e fúteis

Gritos impuros infiéis e cruéis

Gritos que não deixam sentir

Gritos que roubam o dormir

Gritos que roubam o sonhar

Gritos que roubam este olhar

Gritos que ferem profundamente

Gritos que matam lentamente

Gritos sem que a voz sequer doa

Gritos perdidos em[1] palavras à toa

 

Por momentos a Vida parece não fazer sentido

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2011-05-??
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[1] nestas

0134. Atentado

0134. Atentado

134. Atentado a

 

(Notícia)

ALEXANDRIA, Egito, 1 Jan 2011 (AFP)

Um atentado na madrugada deste sábado contra religiosos da Igreja Copta do Egipto, primeira comunidade cristã do Oriente Médio, fez 21 mortos e 43 feridos, segundo o porta-voz do ministério da Saúde, Abderrahman Chahine, citado pela agência de notícias oficial Mena.

O ataque foi registrado em frente à igreja dos Santos (al Qidisin) em Alexandria, a grande cidade do norte de Egito, por volta da meia-noite e meia, quando os fiéis deixavam o templo.

Segundo o ministério do Interior egípcio, o atentado teria sido cometido por um terrorista suicida.

 

— / —

 

Disse hoje um dito representante de uma dita religião que existe um “conflito de religiões” a propósito de mais um atentado numa igreja…

Na minha modesta opinião, não existe um “conflito de religiões”, mas sim um “conflito de seres humanos” …

Mais paradoxal é o facto de não existir objeto-religião… o que torna o referido conflito ainda mais absurdo…

Existe obviamente um conflito humano de ideias abstratas a que chamam “religião” que levam seres inconscientes a matarem-se uns aos outros!

Existe obviamente uma absoluta cegueira mental e sobretudo muita estupidez!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2011-01-01
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0133. Sonhador

0133. Sonhador

133. Sonhador a

Chamavam-me simplesmente sonhador,

Chamavam-me singelamente imaginador,

Diziam severamente que jamais poderia voar,

Diziam cruelmente que jamais poderia amar,

 

Diz-me, diz-me tu ó espelho da verdade?

Diz-me, diz-me se o que sinto é realidade?

Diz-me, diz-me se o que vejo é verdade?

Diz-me, diz-me se o que penso é realidade?

 

Porque realmente amo esta mulher de sonho,

Esta mulher que comigo vive na realidade,

Esta mulher que comigo caminha na realidade,

 

Não, realmente não posso estar a sonhar!

Não, realmente esta é a pura realidade!

Quem não sonha jamais viverá a realidade!

 

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2014-07-14
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0132. Felicidade

0132. Felicidade

132. Felicidade a

A Liberdade é pouco, muito pouco…

A Paz é pouco, muito pouco…

O Amor é pouco, muito pouco…

Um Mundo sem crenças é muito pouco…

 

O muito que desejo já tem um nome…

Rima precisamente com LIBERDADE…

Vivo-A plenamente, Agora, na realidade,

E tem por nome simplesmente: FELICIDADE!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-01-22
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0131. Louco

0131. Louco

131 louco a

Diz alguém por aqui, cantando, que há loucos em Lisboa…

Mas, na realidade, há loucos em qualquer lugar…

 

Diz o dicionário que “louco” é “aquele que perde a razão, que apresenta distúrbios mentais, que tem um comportamento absurdo, exagerado, contrário ao bom senso ou ao que é considerado razoável…”

 

Na realidade, creio que o conceito está nitidamente desvirtuado…

 

Ora…

Acreditando eu que “de poeta e de louco também tenho um pouco…”;

Acreditando eu que não sou nenhum puritano da consciência ou da verdade…;

Acreditando eu que não estou lucidamente qualificado para analisar ou qualificar mentalmente quem quer que seja… muito menos um “louco…”

 

Questiono?

 

Como é que, indivíduos ditos “não loucos”, estão a construir armas nucleares que podem matar, destruir ou até extinguir a vida na terra?

 

Li recentemente na comunicação social que…

“A Coreia do Norte segue com o seu programa de armas nucleares apesar das sanções, conclui um relatório da ONU…”

 

“Teerão ameaçou e cumpriu. Já ultrapassou os limites impostos pelo acordo nuclear…”

 

Tal deixou-me por aqui a reconsiderar o conceito de “louco” …

Quem é afinal o “louco”?!

 

Obviamente que os cidadãos destes dois países e de muitos outros do mundo, não sabem distinguir quem é realmente o “louco”!

 

Como é que alguém “não louco” emprega os impostos do seu povo e os recursos do seu país na construção de armas nucleares cuja única utilidade é matar ou destruir e não no desenvolvimento equilibrado e sustentado; na educação, na saúde, na melhoria das condições de vida dos seus cidadãos?

 

Quantas bocas famintas não poderiam hoje ser alimentadas com as fortunas que são gastas em armas nucleares?

Possivelmente não teríamos fome na terra!

 

A maioria dos cidadãos vivem na miséria, com fome… e praticamente não têm voz ativa…  possivelmente porque também não saberão distinguir um “louco” de um “não louco”!

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Autor: Carlos Silva
Data: 2019-09-09
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0130. Deus Estado

0130. Deus Estado

130. Deus Estado b

Se o culto de um “Deus” pode iluminar ou ensombrar qualquer raciocínio…

O culto de um “Deus Estado” pode distorcer ou destruir completamente qualquer mente minimamente racional.

Se o culto de uma divindade pode conferir ilusão, protagonismo, poder, dinheiro a uns quantos pastores que supostamente se julgam mais iluminados que o seu rebanho…

O culto de um “Deus-Estado”, além de enorme poder e dinheiro, pode conferir ao seu líder irracionalidade e cegueira, tornando a sua força[1] verdadeiramente devastadora para a humanidade.

Se o líder do “Deus-Estado” for um ser aparentemente humano…

Se o líder possuir o poder de carregar (ou mandar carregar) num simples botão para fazer detonar umas quantas bombas atómicas (compradas com o dinheiro dos seus milhões de seguidores, patrióticos contribuintes) para eliminar os seus supostos adversário e inimigos…

Se o líder possuir o poder de decidir (ou mandar decidir) sobre a vida de outros seres que pensem de maneira diferente, ou que vivam num ambiente diferente do dele… e arbitrariamente os mandar prender, calar, ou eliminar…

Se o líder possuir o poder e a autoridade de perseguir (ou mandar perseguir) e exterminar quem não aceita a sua disciplina ou os seus ideais, ou simplesmente procura nessa face da terra melhores condições de vida…

Finalmente, se os seus fiéis e leais membros ou seguidores seguirem os seus ideais e a sua disciplina de forma absolutamente cega e incondicional, tal como as crenças mais fanáticas que afirmam que o seu deus é que é “único e verdadeiro” …

Então, o Estado, ainda que o pareça, deixa de ser Estado…  pode tornar-se verdadeiramente desumano… e até transformar-se num verdadeiro monstro!

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A propósito do tema em epígrafe, esta semana li uma frase de uma escritora (Nota 1) e alguns textos (Notas 2 e 3) que de certa forma me levaram a elaborar o presente texto.

Nota 1

“Nenhuma nação pode ser considerada livre, independente, soberana e autocéfala enquanto subsistirem indivíduos aprisionados a mitos, crenças, lendas ou tradições.”

Marta Oliveira

 

 

Nota 2

No seu discurso de tomada de posse, Trump, refere:

“No alicerce de nossa política haverá uma lealdade total aos Estados Unidos da América.”

(Aplausos)

A Bíblia diz “quão bom e agradável é quando o povo de Deus vive junto em unidade.” Devemos expor o que pensamos francamente, debater as nossas divergências com honestidade, mas sempre praticando a solidariedade. Quando os Estados Unidos estão unidos, nada pode deter os Estados Unidos.

(Aplausos)

Não deve haver medo. Estamos protegidos, e sempre estaremos protegidos. Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres das nossas Forças Armadas e Forças de Segurança. E, mais importante ainda, seremos protegidos por Deus.

(Aplausos)

(…)

É hora de lembrar aquele ditado antigo que os nossos soldados nunca esquecerão: que independentemente de sermos negros, morenos ou brancos, todos temos o mesmo sangue vermelho dos patriotas. Todos desfrutamos das mesmas liberdades gloriosas e todos saudamos a mesma grande bandeira americana. E quer a criança que nasce na periferia de Detroit ou a que nasce nas planícies varridas pelo vento de Nebraska, à noite elas olham para o mesmo céu. Elas enchem o coração com os mesmos sonhos e recebem o sopro de vida do mesmo Criador Todo-Poderoso.

(Aplausos)

Juntos, faremos os Estados Unidos fortes de novo. Faremos os Estados Unidos ricos de novo. Faremos com que os Estados Unidos tenham orgulho de novo. Tornaremos os Estados Unidos seguros de novo. E sim, juntos, faremos os Estados Unidos grandes de novo.

Obrigado. Que Deus vos abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos.

(Aplausos)

Obrigado. Que Deus abençoe os Estados Unidos.  

(Aplausos)

 

(Extrato de texto retirado da internet)

Nota 3

“Arendt, para quem não lembra, alcançou “a banalidade do mal” ao testemunhar no julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém, e perceber que ele não era um monstro com um cérebro deformado, nem demonstrava um ódio pessoal e profundo pelos judeus, nem tampouco se dilacerava em questões de bem e de mal. Eichmann era um homem decepcionantemente comezinho que acreditava apenas ter seguido as regras do Estado e obedecido à lei vigente ao desempenhar seu papel no assassinato de milhões de seres humanos. Eichmann seria só mais um burocrata cumprindo ordens que não lhe ocorreu questionar. A banalidade do mal se instala na ausência do pensamento.

Otto Adolf Eichmann foi umSS (tenente-coronel) da Alemanha Nazista, e um dos principais organizadores do Holocausto. Eichmann foi designado pelo SS Reinhard Heydrich para gerir a logística das deportações em massa dos judeus para os guetos e campos de extermínio das zonas ocupadas pelos alemães no Leste Europeu durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1960, foi capturado na Argentina pela Mossad, o serviço secreto de Israel. Após um julgamento de grande publicidade em Israel, foi considerado culpado por crimes de guerra e enforcado em 1962.

Depois de frequentar a escola, onde foi um aluno mediano, Eichmann trabalhou na empresa de mineração do seu pai na Áustria, para onde a família foi viver em 1914. A partir de 1927, trabalhou como técnico comercial da área do petróleo, juntando-se ao Partido Nazista e às SS em 1932. Após regressar à Alemanha em 1933, entrou para o Sicherheitsdienst (SD; Serviço de Segurança), onde foi nomeado para chefe do departamento responsável pelas questões judaicas -em particular a emigração, a qual os nazistas forçaram através da violência e pressão económica. No início da guerra em setembro de 1939, Eichmann e o seu pessoal concentraram os judeus em guetos nas grandes cidades, esperando que fossem transportados para o leste e para territórios ultramarinos. Eichmann elaborou planos para colocar os judeus em reservas, primeiramente em Nisko no sudeste da Polónia e, mais tarde, em Madagáscar, mas nenhum deles seguiu em frente.

Quando os nazistas deram início à invasão da União Soviética em 1941, a política em relação aos judeus foi alterada passando de emigração para extermínio. Para coordenar o planeamento do genocídio, Heydrich recebeu os responsáveis administrativos do regime na Conferência de Wannsee em 20 de Janeiro de 1942. Eichmann reuniu informação para Heydrich, esteve presente na reunião e preparou as minutas. Eichmann e o seu pessoal ficaram responsáveis pela deportação dos judeus para os campos de extermínio, onde as vítimas foram gaseadas. Depois da invasão alemã da Hungria em Março de 1944, Eichmann supervisionou a deportação de grande parte da população judia daquele país. Muitas das vítimas foram enviadas para Auschwitz, onde entre 75 e 90 por cento foi executada à chegada. Quando os transportes cessaram em julho de 1944, 437 000 dos 725 000 judeus húngaros tinham sido mortos. O historiador Richard J. Evans estima que entre 5,5 e 6 milhões de judeus tenham sido mortos pelos nazistas. Eichmann afirmou no final da guerra que “daria saltos na sua sepultura de tanto rir porque, sentir que tinha cinco milhões de pessoas na sua consciência, seria para ele uma fonte de extraordinária satisfação.”

Depois da derrota da Alemanha em 1945, Eichmann fugiu para a Áustria. Ali viveu até 1950, mudando-se para a Argentina usando documentos falsos. As informações recolhidas pela Mossad, confirmou a localização de Eichmann em 1960. Uma equipa da Mossad e agentes da Shin Bet sequestraram Eichmann e levaram-no para Israel para ser julgado sobre 15 crimes, incluindo crimes de guerra, crimes contra a humanidadee crimes contra o povo judeu. Considerado culpado de muitas das acusações, foi condenado à morte e executado em 1 de Junho de 1962. O julgamento foi seguido pelos meios de comunicação e serviu de inspiração para vários livros, incluindo o de Hannah Arendt, Eichmann em Jerusalém, no qual Arendt descreve Eichmann com a frase “a banalidade do mal”.

 

(Extrato de texto retirado da internet)

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-01-12
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[1] Do Deus Estado

0129. Eutanásia

0129. Eutanásia

129. Eutanásia c

Não havendo qualquer conflito de interesses…

Estando eu, eventualmente um dia, numa situação de doença prolongada ou incurável que me infira um sofrimento atroz ou dor insuportável…

Estando eu num estado de plena lucidez, com plena capacidade de decisão sobre a minha vida, ou sobre a minha morte…

A minha vontade, a minha liberdade, sobrepõe-se inquestionavelmente a qualquer moral comum, referendo ou entidade, ordem ou conferência episcopal, crença ou suposta entidade divina!

Nenhum estado ou lei, crença ou ordem, se pode sobrepor e muito menos impor ao meu livre arbítrio, ao meu direito fundamental de optar e decidir morrer de forma assistida ou da forma que entender.

Eu sou o único dono da minha vida… e da minha morte!

*

Sobre a atualidade…

A Ordem dos Médicos é contra a legalização da morte assistida, ou “Eutanásia”.

O seu código, no artigo 65º, nº 2, refere que “ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, à eutanásia e a distanásia.”

Seria uma “mudança radical da sociedade em que vivemos… passaria a ser legal matar e a partir daí nunca mais seria possível definir uma fronteira” -refere o bastonário.

Mas também há quem esteja contra esta posição da Ordem dos Médicos. Júlio Machado Vaz (psiquiatra) integra um movimento a favor da morte assistida e refere que “no limite é aceitável um referendo”. “Estamos a falar da vida de uma pessoa, que lucidamente decide, por uma questão de dignidade, terminar a vida.”

Para Alexandre Quintanilha (cientista), “trata-se de uma questão de direito e liberdade individual… é errado utilizar os cuidados paliativos como argumento contra a eutanásia. É um direito de cada um de nós… se estiver consciente e tiver uma doença incurável… num sofrimento duradouro e insuportável…”

Igreja é como sempre foi contra a eutanásia e curiosamente apoia referendo… o que implicará obviamente, o adiamento da decisão da Assembleia da República…

D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, é contra a eutanásia:

“A opção mais digna contra a eutanásia está nos cuidados paliativos, como compromisso de proximidade, respeito e cuidado da vida humana até ao seu fim natural”…

O PCP vai votar contra a eutanásia, como tem votando sempre…

Jerónimo de Sousa pede “mais investimento nos cuidados paliativos” … “a vida e a morte não são referendáveis. A vida (e a morte) é um assunto muito sensível… não matem, procurem que o prolongamento da vida se concretize”

PS e PSD são a favor da despenalização da eutanásia, dando liberdade de voto aos seus deputados…

O CDS refere que a eutanásia é um retrocesso social e apoia o referendo…

Oito “religiões” tomaram uma posição conjunta contra a eutanásia: consideram ilegítima a morte assistida!

Tendo em conta a nota da Presidência da República e a acentuada “religiosidade” do Presidente da Républica (que se encontra de visita à Índia), não será muito difícil adivinhar qual a sua posição nesta matéria!

A opinião da deputada Isabel Moreira do PS, chamou-me a atenção. Creio que vale a pena ouvir, para poder formular também uma opinião pessoal de forma mais consistente.

https://youtu.be/B6t9Ua-pJy0

Nota: Não tomo partido de qualquer partido. Tomo partido da opinião de pessoas e normalmente voto nas pessoas e não em partidos.

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-02-14
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0128. “Livrai-nos da guerra”

0128. “Livrai-nos da guerra”

128. Livrai-nos da guerra a

“Livrai-nos da Guerra” é o título de uma “grande reportagem” cuja primeira parte (de duas) foi hoje emitida pela SIC em horário nobre, a seguir ao Jornal da Noite.

 

Segundo esta estação trata-se de um “exaustivo trabalho de investigação” jornalístico sobre o arquivo de Fátima que contém mais de oito milhões de mensagens escritas pelos seus devotos… e os autores, leram, pelo menos “cerca de 50 mil cartas com… desejos dos fiéis”.

Ler 50 mil cartas, nem que seja superficialmente, com “desejos dos fiéis à senhora de Fátima” é realmente obra… e certamente não foi tarefa fácil!

 

O título “Livrai-nos da Guerra” é apenas um dos muitos pedidos contidos nas cartas devocionais que os “crentes” dirigiram à “Senhora de Fátima”,

A maioria referia-se a Saúde… doença… guerra… violência familiar… angústias pessoais…

 

“Criticar uma crença ou qualquer ideal, é um direito fundamental do cidadão em qualquer sociedade…”[1] -embora normalmente, quem o faça, acabe crucificado, humilhado ou bombardeado com mensagens ofensivas na praça pública ou nas redes sociais.

 

Colocar em causa a “crença” da dita “Nossa Senhora de Fátima”, será decerto um sacrilégio, no entanto, esse não é o principal intuito destas palavras.

Na perspetiva de mero espectador, que estava a ver o noticiário com a atualidade do país e do mundo, de um momento para o outro sou surpreendido com uma “Grande Reportagem” que de “grande conteúdo jornalístico” pouco ou nada teve a não ser o trabalho exaustivo que os jornalistas responsáveis pela mesma tiveram a lerem uma pequena parte de todas aquelas cartas.

 

Como tal, nessa mesma perspetiva, sugiro a realização de uma “terceira parte”.

Porque não uma investigação séria e exaustiva sobre o fenómeno de “Fátima” e tudo o que daria origem ao mesmo, tal como mostra o texto (em baixo) do “Observador”.

Porque não?!

https://observador.pt/especiais/fatima-100-anos-de-uma-historia-mal-contada/

 

Porque não uma investigação séria e exaustiva sobre os portugueses que não conseguiram “livrar-se da guerra” e perderam em Angola?

Porque não também uma entrevista ao Sr. Carlos Rosa, um português que atualmente trabalha em Angola, que tem passado os últimos seis anos da sua vida empenhado em trazer para Portugal os corpos dos militares que perderam a vida durante a guerra.

Seria realmente interessante e sobretudo importante para as suas famílias, identificar, recuperar e trazer para Portugal os corpos dos seus entes queridos que por lá ainda continuam…

 

Estou certo que também seria importante para Portugal trazer de volta os portugueses que foram enviados com toda a glória e agora simplesmente esquecidos!

 

https://www.jn.pt/nacional/portugues-ajuda-familias-a-recuperar-corpos-de-ex-militares-esquecidos-em-angola-9179387.html?fbclid=IwAR2mcY5s2ZHquJtde6KCTBklIGnLREsUW_lBkMU0kGGDS9-pbMJFaFoy8Mg

 

Entrevistas com histórias de vida de pessoas a darem “graças” à dita “Nossa Senhora” por supostamente esta as ter salvo de morrerem numa guerra… é realmente comovente… sobretudo para os crentes…

É, atrevo-me a dizer, demasiado fácil!

 

Entrevistas aos que lá morreram e por lá continuam enterrados… é impossível. No entanto, seria muito interessante saber a opinião dos seus familiares (crentes ou descrentes da dita “Nossa Senhora”) ou simplesmente porque esta não terá salvo também os seus entes queridos.

Isso sim, seria uma tarefa difícil!

 

Eventualmente não teria tanta audiência e sobretudo incomodaria muita gente…

No entanto, na minha modesta opinião de espectador, creio que esta eventual terceira parte seria muito mais interessante que as duas primeiras.

É apenas a minha opinião, que de jornalismo pouco ou nada sei!

 

Não é notícia os que foram ignorados pela dita Nossa Senhora!

Não é notícia os que perderam a vida pelo país e agora jazem abandonados pelos nossos políticos!

 

Já agora, se eventualmente levarem mesmo a sério a minha sugestão de espectador e pensarem concretizar essa “terceira parte”, não se esqueçam também de a emitir em horário nobre, a seguir ao Telejornal!

Assim poderia assistir com toda a família reunida.

 

“Livrai-nos da Guerra” Parte 1

https://sicnoticias.pt/especiais/livrai-nos-da-guerra/2020-01-09-Livrai-nos-da-Guerra—I

 

“Livrai-nos da Guerra” Parte 2

https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/livrai-nos-da-guerra-ii/vp-BBZ1YaX

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-01-09
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[1] Rowan Atkinson

0127. Deus -sou Eu

0127. Deus -sou Eu

127. Deus -sou Eu a

Deus?!

Sou Eu!

Sim, Eu!…

 

Num determinado momento da minha vida que já não consigo precisar, o intelecto permitiu-me “reparar”[1] que o ser com quem diariamente falava e a quem chamava deus: era, afinal, eu próprio!

 

Foi precisamente nessa altura que acabaria por assimilar que a minha consciência de deus é precisamente a mesma que eu, ser humano, tenho de mim próprio!

Tal significa logicamente que o meu-deus, ou o conceito que dele tenho, é precisamente o mesmo que o da imagem abstrata que obviamente morrerá quando eu morrer; tal como morrerão todos os deuses de todos os seres humanos, sejam eles crentes ou não!

 

“O pior cego é aquele que não quer ver…”

 

É um facto que a maioria das pessoas não aceita… não quer ver a realidade que vê. Algumas não admitem não ver… e a maioria não consegue realmente ver. São as que “vêm e não reparam” porque cegaram.

 

O intuito destas duras palavras, que decerto incomodarão algumas mentes mais dormentes, não é desrespeitar; não é ferir nem ridicularizar pessoas ou crenças com as quais se identificam. Muito menos tentar convencer alguém!

O intuito destas palavras é apenas expressar livremente a minha opinião.

O intuito destas palavras é apenas expressar livremente a minha opinião, que vale o que vale; ou seja, o mesmo que as demais; sejam elas convergentes ou divergentes. Todas são suscetíveis de critica!

É uma mera opinião sobre o que considero completamente despropositado e intolerável na sociedade atual: a Religião -eventualmente a maior mentira da humanidade que, “por mil vezes repetida”, se transformou na maior verdade adquirida.

Tivera eu proferido estas palavras há 500 anos atrás e no dia seguinte decerto estaria atado a um poste para ser queimado vivo em plena praça pública!

Não tenho a menor dúvida!

 

José Saramago, escritor marcadamente ateísta, foi “crucificado” e “queimado” simplesmente por dizer publicamente que “não acreditava em nenhum deus nem em mundos imaginários, como o céu e o inferno…”.

A forma incisiva como o fez, acabaria por colocar a nu algumas das mais aberrantes barbaridades da religião, nomeadamente nas obras ‘O Evangelho Segundo Jesus Cristo’ e ‘Ensaio sobre a Cegueira’, gerando um autêntico mar de críticas, que em abono da verdade, mais pareciam inocentes e incoerentes tempestades de verão lideradas por pastores e virgens ofendidas a caminho do céu.

A sua longa experiência de vida permitiu-lhe prematuramente alcançar que esse “deus não precisa do homem para nada, exceto para ser deus[2]. Mais do que destacar a frase, importa salientar a sua extraordinária genialidade e lucidez de raciocínio.

 

Realmente, poucos “podem olhar e ver[3]”… e muito poucos “podem ver e reparar[4]”!

 

Que me perdoe” quem lê, mas também me apetece repetir:

“Se puderem ver, reparem!”

 

Sentir, sinta quem sente!

Pensar, pense quem quiser!

Continuar a ler… siga quem gostar… ou não…

 

Faz algum sentido (e cito novamente Saramago), que “antes da criação do universo, deus não tenha feito nada, e um dia, não se sabe bem porquê, decida criar o universo. Segundo a Bíblia, fez o universo em seis dias. Seis dias só! Descansou ao sétimo dia… e até hoje nunca mais fez nada. Isto faz algum sentido?”

 

Faz algum sentido que exista um deus invisível, criado à imagem humana, que viveu na terra e mora no céu… (que céu?) que tudo sabe e vigia… que criou uma lista de mandamentos completamente ancestrais que exige que se sigam na atualidade, e simultaneamente ameaça quem não os cumprir?

 

Faz algum sentido que exista na realidade um deus invisível que ama se for seguido e odeia ou mata se for recusado? Um ser autoritário que além de amor, adoração e dedicação incondicional, precisa constantemente de dinheiro, de muito muito dinheiro!… -esse vil metal a que o líder máximo[5] invocou como “fonte de pecado”?

 

Não faz sentido!…

Não só não faz sentido, como desperta em qualquer mente minimamente pensante um mar de interrogações…

 

Não é fácil a qualquer ser humano aceitar esta realidade!

Não é fácil recusar ou refutar o ideal do divino, porque implica, desde logo punição, negação de expectativas de perfeição e imortalidade!

Não é fácil reduzir a vida a simples partículas de matéria… -poucos são os que aceitarão esta realidade. Poucos são os que aceitarão o fim.

Não é fácil aceitar o falecimento absoluto do ser… do Eu.

Não é fácil aceitar o falecimento do corpo, da mente (também ela um órgão) e sobretudo da “alma”, porque também a sua casa morre!

Não é fácil!

Eu diria que é dramático para todos os seres. Crentes e não crentes.

 

A natureza, alheia a todas estas questões, é obviamente implacável com todos os seus seres… humanos e não humanos.

Dá-lhes vida…

Alimenta-os, alimenta os seus sonhos e desejos…

Ajuda-os a reproduzir…

Ajuda-os a viver e a sobreviver…

 

Mas…

Não os ouve!

Não os vê!

Não os distingue!

Não os compreende!

E mata-os!

 

É, pois, no mínimo incoerente, procurar encontrar um “espírito divino” fora da natureza humana!

 

É perfeitamente compreensível que por todo o planeta existam as mais diversas formas, teorias e explicações para todo o tipo de crenças…

Já não o será, a criação humana de “deuses” para serem e representarem o que não é, ou para explicar o que não sabe ou não consegue saber… é um perfeito absurdo!

 

Não se trata de reduzir a crença a um mero conceito antropológico; trata-se de raciocinar, de reparar, de perguntar… e sobretudo aceitar a realidade seja ela qual for… nua e crua!

 

A humanidade terá tido origem num processo perfeitamente natural (tal pode-se constatar através das ossadas dos nossos antepassados… de todos os fósseis descobertos…).

A cultura foi-se enraizando em cada tribo… as sociedades foram evoluindo moldadas pelo ambiente, pela necessidade de sobrevivência, dando origem às mais diversas civilizações nas mais diversas regiões do planeta…

Muitas destas civilizações extinguiram-se, algumas chegaram aos nossos dias com as suas normas, as suas tradições, os seus usos e costumes adaptados à realidade atual. A própria religião é uma dessas evidências culturais, que marcou e ainda continua a marcar catastroficamente toda a história da humanidade, tal a forma viral como se propagou praticamente por todo o planeta sobretudo nos dois últimos milénios.

 

Para que possamos entender qualquer crença, temos previamente que “reparar” que a consciência que temos de qualquer divindade é a mesma que temos de nós próprios. Todas as crenças não são mais do que o reflexo material e imaterial do mundo interior do ser humano…

O exteriorizar de medos e desejos vitais e elementares…

O exteriorizar de aspirações que não consegue realizar ou materializar como consequência da sua limitação…

A ânsia de saber ou de não poder saber tudo…

A ânsia de poder, de dominar, do que não tem ou não consegue alcançar…

O medo do ser mortal e consequentemente limitado no tempo… que lhe foge.

 

A criação, a adoração, a projeção, a relação com o ser divino, ou com a sua imagem… é precisamente a mesma que temos com os nossos semelhantes!

Os seus “mandamentos divinos” não são mais do que as regras de conduta humana elaboradas por humanos em nome da liberdade e da justiça social… da moral e do respeito que têm que ter para com os demais para que socialmente possam coexistir… hoje consideravelmente melhoradas em algumas democráticas “constituições”.

 

É inevitável que um dia todos “reparemos” um pouco melhor nesta realidade.

 

Tal como um dia disse o nosso Fernando Pessoa…

Que todos possamos “ouvir o olhar” e com esse “olhar adivinhar os sentimentos”!

 

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-01-01
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[1] “Reparar” (Saramago). Retirou-me a venda… capacitou-me a visão… conferiu-me a perceção.
[2] Saramago
[3] Idem, anterior
[4] Idem, anterior
[5] Papa