Agora, basta reabrir, meter o nariz no interior e respirar o conteúdo para ficar “abençoado”.
Claro que também ficará com uns euros a menos na carteira…
Mas isso é outra história!
Nota: Se o produto das vendas do “Ar abençoado de Fátima” se destinasse a ajudar os 100 funcionários que o santuário pretende despedir… até que seria uma boa causa!
--- / ---Autor: Carlos SilvaData: 2020-09-07Imagem: InternetObs:Direitos reservados.--- / ---
Ambos os ditadores concentraram o poder absoluto durante praticamente quatro décadas erguendo regimes totalitários, militaristas, ultranacionalistas e sobretudo ultracatólicos.
“Deus, Pátria e Família” eram os seus lemas!
Se em Espanha a transição ocorreria em 1975 com a morte do caudilho…
Em Portugal, a mudança, seria com a “Revolução dos Cravos, em abril 25 do mesmo ano.
Na altura da mudança associava-se o regime de Salazar à célebre trilogia dos “três efes”:
“Fátima, Futebol e Fado”!
Dizia-se que eram os “efes” que uniam e alimentavam o pobre povo português… a religião católica, o futebol, e sobretudo Amália, a grande figura do Estado Novo!
Seriam sobretudo tempos de mudança…
De democratização, de descolonização e de desenvolvimento!
Tivesse eu (se na época vivesse) a ousadia de apelidar qualquer um destes regimes como “machista”, “antifeminista” ou “homofóbico” e, no momento, estaria terminantemente condenado ao fuzilamento (ou queima) em plena praça publica…
Tivesse eu (se na época vivesse) a ousadia de proclamar ou publicar este meu “Delito de opinião” e certamente ninguém hoje, agora, o estaria a ler! Seria imediatamente riscado a “lápis azul” … o célebre lápis que expurgava implacavelmente todas as áreas da sociedade.
Criticar o Estado ou a Igreja… -qual liberdade de expressão! -mais do que crime, era “pecado mortal” que violava a moral e os bons costumes!
A história, a religião, os costumes, as crenças e as tradições eram ícones intocáveis e inquestionáveis; precocemente incutidos e severamente impostos. A igreja católica era o fiel zelador da sua aplicação e concretização. Refreava praticamente todo o sistema educativo liberal ao mesmo tempo que exaltava os valores nacionalistas.
No Estado Novo, a mulher era subjugada a tarefas domésticas, a cuidar dos filhos e normalmente subordinada ao marido a quem tinha que pedir autorização para aceder ao ensino superior ou a qualquer profissão remunerada -tudo em nome da tradicional família cristã. Não tinha direito a opinar e normalmente era censurada se vestia de forma ousada ou diferente da padronizada. O seu comportamento era considerado desviante em caso de adultério ou de vício sexual, sendo consequentemente punida e marginalizada.
As “autoridades religiosas” controlavam escrupulosamente a moral pública e sexual. Reprimiam e perseguiam sobretudo os homossexuais. A sexualidade (ao contrário do que recentemente o atual líder religioso proclamou), era vista como meio de procriação… um pecado mortal se não praticada estritamente no âmbito familiar.
Muito sangue, suor e lágrimas foram derramadas…
Repostos finalmente os alicerces da democracia…
Soltas finalmente as amarras da liberdade, da igualdade e da racionalidade…
Eis que finalmente posso soltar este meu “Delito[1] de opinião”!
--- / ---Autor: Carlos SilvaData: 2020-09-17Imagem: InternetObs:Direitos reservados.--- / ---
“O Santuário de Fátima prepara-se para dispensar uma centena de trabalhadores”.
É caso para dizer…
Onde está o “espírito solidário, proclamado no céu e na terra, pela igreja católica?!
Em março, com o intuito de evitar despedimentos em massa, o Governo anunciou uma série de medidas de emergência para apoiar empresas e trabalhadores que começavam a sentir os primeiros efeitos da crise causada pela pandemia de Covid-19.
Foi então anunciado um regime de “layoff” simplificado com linhas de crédito para quem se encontrava em maior dificuldade. A este apoio juntaram-se outros como o adiamento de obrigações fiscais e moratórias no crédito a famílias e empresas.
Até a Diocese do Porto avançaria para o seu imaculado “layoff simplificado”, decisão que afetaria os seus colaboradores e clérigos que, devido à suspensão das atividades de culto, deixaram de auferir as habituais regalias e receitas.
Entretanto, a propósito, em declarações à comunicação social, o líder da igreja católica, o Papa Francisco, afirmava perentoriamente:
“Despedir para se salvar, não é a solução…”
“Mais do que despedir, há que acolher e fazer sentir que há uma sociedade solidária…”
É caso para dizer…
Então os “pastores de Fátima” não fazem caso das palavras do líder?!
E o Estado… não toma nenhuma atitude perante esta situação?!
Também não vi à porta do santuário, como é tradicional em empresas, nenhum deputado do partido A ou B, ou algum líder sindical a defender encarecidamente os direitos dos trabalhadores.
Segundo vi na comunicação social, “por ocasião do centenário foram feitos grandes investimentos para rentabilizar economicamente o espaço que já vinha apresentando resultados negativos nos últimos três anos” …
Agora, com o agravamento da situação económica devido a pandemia, eis que…
“O Santuário de Fátima prepara-se para dispensar uma centena de trabalhadores”.
É caso para dizer…
Onde está o “espírito solidário, proclamado no céu e na terra, pela igreja católica?!
Vi num dos telejornais um dos pastores responsáveis justificar… o injustificável… melhor seria realmente remeter-se ao silêncio.
Curiosamente seria perante um profundo silêncio de pastores e fiéis que há bem pouco tempo, durante um discurso na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Para Francisco, afirmava que…
“A idolatria do dinheiro mata…” e que “a igreja precisa evitar a obsessão por dinheiro e poder…”
Que se saiba, neste caso em concreto, ainda não morreu ninguém, mas… é impressão minha ou trata-se precisamente de uma clara situação de obsessão pelo dinheiro?!
Afinal, o santuário também é sensível à pandemia e também tem problemas financeiros, tal como as empresas e as pessoas!
É, realmente, um caso para dizer:
Já não há milagres como antigamente!…
Agora o dinheiro já não cai do céu!…
Pelo menos desde que algumas pessoas começaram a pensar!
--- / ---Autor: Carlos SilvaData: 2020-09-04Imagem: InternetObs:Direitos reservados.--- / ---